A curiosidade matou o gato?
A curiosidade é o estímulo mais poderoso para o desenvolvimento, quer seja cognitivo, na área da educação, ou na ciência. Aliás, o método científico é um bom exemplo dos princípios básicos da aprendizagem: parte da curiosidade – as hipóteses que se vão testar, aceita o erro como conhecimento – a premissa inválida ensina que não é aquele o caminho e a premissa válida acrescenta conhecimento.
Portanto, ser curioso significa prestar atenção ao que nos rodeia e disponível para investigar e experienciar.
São, ou não as características que queremos ter numa sala de aula?
A curiosidade é fundamental para o sucesso dos alunos, porque:
1.
Despertar nos alunos a curiosidade conduz à motivação autêntica, a intrínseca, aquela que o aluno tem, porque algo lhe aguçou o interesse e quer saber mais sobre o assunto. Diferente da motivação externa, que vive de recompensas e incentivos e tem uma duração bastante mais limitada.
Esta curiosidade interna, vai fazer com que o aluno tenha mais atenção, procure informação sobre o assunto e questione, permitindo que a aprendizagem aconteça de forma mais fácil.
2.
A curiosidade liberta dopamina que, não só gera prazer, como também melhora a observação e a memória
O aumento de dopamina no cérebro gerado pela curiosidade faz com que nos lembremos mais profundamente da informação. E porquê? Porque a dopamina ativa o hipocampo, zona do cérebro que, entre outras funções, está envolvida nas emoções e aprendizagem
3.
Pessoas curiosas têm habilidades cognitivas elevadas
Quando o aluno se depara com informações ambíguas ou conflitantes o sistema nervoso fica alerta e mantém-no atento para encontrar uma resposta. Alcançar esta resposta é gratificante e, por isso, resulta numa aprendizagem eficiente. O cérebro jovem desenvolve-se melhor através da experimentação e exploração, que se manifesta na curiosidade. Por isso, a aprendizagem com recurso à exploração ativa é muito superior à gerada pela explicação do professor.
A sala de aula curiosa é um trabalho de equipa entre o professor e os alunos. Uma das funções mais valiosas do professor é ajudar os alunos a perceber a sua curiosidade e a refletir sobre ela. E, neste caminho de exploração, o professor mantém a sua própria curiosidade aguçada, oscilando, também ele entre professor e aluno. O trabalho dos alunos pode trazer novas abordagens pedagógicas ou novas perspetivas sobre a matéria e todos estes contributos podem ser aproveitados pelo professor para manter o mecanismo da curiosidade em funcionamento. Quando o professor segue este caminho, está a criar um ambiente que acolhe e apoia as habilidades fundamentais para a sala de aula: motivação intrínseca, desejo de explorar, imaginação, aprendizagem sem esforço.
Os alunos devem sentir-se à vontade para colocar questões, mesmo que isso contrarie, de alguma forma, o rumo da aula. Na verdade, os educadores têm na mão o poder de alimentar esta curiosidade ou, pura e simplesmente, aniquilá-la. Se for permitido aos alunos manterem a sua curiosidade inata eles começam por fazer perguntas, em seguida procuram formas de encontrar as respostas e assim que as tiverem, regressam às perguntas. Com estes hábitos mentais, estes alunos serão pessoas disponíveis para aprender ao longo da vida.