Como melhorar a expressão escrita

O seu filho é daqueles que deixa a imaginação voar e escreve composições com imensas ideias, e porque não consegue tomar conta delas acabam por tornar o texto uma confusão ou, pelo contrário, foge desta tarefa por achar que não sabe escrever? A produção escrita baseia-se na produção de ideias e a capacidade de as tornar num texto, com sentido e estrutura. Sendo o pensamento muito mais rápido do que a escrita, nem sempre o objetivo é alcançado. Por vezes faltam palavras, há expressões repetidas ou deficiente articulação de frases.
Aprender a ler e a escrever é um dos maiores e mais complexos desafios das crianças nos primeiros anos escolares. A forma como aprenderem e exercitarem estas áreas vai definir a maior ou menor capacidade de apreensão de informação através da leitura e de expressão através da escrita.
Genericamente os autores definem que o processo de escrita está dividido em 3 áreas: a planificação, textualização e revisão.
Na planificação, define-se o género de texto a construir (diálogo, narrativo, fábula, convite, etc), define os objetivos e organiza ideias.
Exemplo de planificação:
Tipo de texto: Convite
Objetivo: convidar para o Aniversário Cláudia
Data/hora Local
Prazo para confirmação
Contactos para confirmação
A textualização é a fase em que as ideias passam a palavras escritas e o texto ganha forma.
Por fim terá lugar o processo de revisão, onde se olha para o que foi escrito avaliando a sua pertinência e correção.
Escrever exige prática, mas a escrita não é uma tarefa independente, pois o seu sucesso está relacionado com outras atividades, como a leitura. Os hábitos de leitura são benéficos na medida em que vão permitir a aquisição de conhecimentos e apropriação de vocabulário. O desenvolvimento da expressão escrita é ampliado com a aquisição de novas palavras ou com o seu uso em contextos diferentes daqueles que habitualmente usaria.
1. Escreva sobre os assuntos preferidos
Quando o assunto nos interessa é mais fácil manter a motivação e o foco.
2. Descreva
As descrições são excelentes formas de treinar. Por um lado, diminui o poder da imaginação, porque o assunto está circunscrito àquilo que está a ser observado. Beneficia quem tem muitas ideias e dificuldade em organizá-las no texto, mas também ajuda quem tem menos inspiração para a área escrita, porque a informação necessário está toda naquilo que se vê. O ideal é adaptar as descrições à idade e criar obstáculos para que a escrita se vá desenvolvendo. Adicione emoções, tempo cronometrado ou imagens mais complexas, por exemplo.
3. Agora descreva algo não que vê
Na fase seguinte, pode começar a treinar a abstração, pedindo para descrever alguma coisa que não possa ser vista naquele momento: um quadro, um brinquedo, etc.
4. Diários e receitas
Escrever um diário treina a capacidade de síntese, ajuda a construir melhor as frases, a desenvolver ideias mais complexas e a memorizar informações importantes. A vontade de contar melhor o que aconteceu vai gerar frases mais complexas e mais bem construídas. Por outro lado, escrever sobre as experiências pessoais ajuda a processá-las melhor, bem como às emoções que geram. Erros, atitudes positivas acontecimentos dolorosos e feitos de que o autor se orgulha vão ocupando as páginas deste livro, aumentando, assim, o autoconhecimento.
A revista Advances in Psychiatric Treatment publicou um estudo da Universidade do Iowa onde se constata que pessoas que tenham escrito sobre os seus eventos traumáticos 15 a 20 minutos três a cinco vezes por semana foram capazes de os superar com maior facilidade.
Tomar notas, fazer listas ou escrever receitas são outras formas de manter o foco e desenvolver o hábito de organizar a informação, particularmente nas receitas, onde os ingredientes devem ser utilizados por uma ordem específica e a confeção também obedece a uma sequência.
5. Turbilhão de ideias
Este é um daqueles exercícios que se pode fazer em qualquer lugar. A propósito de uma imagem, de uma palavra ou de algo divertido que se tenha presenciado, dizer palavras que pareçam estar relacionadas. É mais divertido se parecer um jogo e tiver pelo menos dois participantes. Por exemplo, está um gato no passeio a miar. Que palavras podemos utilizar para o descrever, que razões poderão estar a fazê-lo miar. Definir a duração do jogo e ver quem consegue dizer mais palavras é sempre uma forma de tornar este exercício mais desafiante. A imaginação é o limite. Pode excluir adjetivos, permitir a utilização de verbos terminados em "ar", utilização de palavras no plural ou no feminino. Tudo depende das áreas que pretenda treinar.
6. Dar outra perspetiva ao texto
Por fim, uma outra possibilidade e que tem resultados muito positivos é reescrever uma história, mas dando-lhe outra perspetiva. Imagine a história da Branca de Neve contada por um dos anões ou pela bruxa. Esta é uma forma de trabalhar a narrativa e entender de forma mais fácil as regras a que deve obedecer.