Cuidado com os elogios!

03-05-2022

[repost ]"Elizabeth, de nove anos, foi à sua primeira competição de ginástica. (…) Tinha boas características para esse esporte e adorava praticá-lo. (…) Era boa ginasta e estava confiante de que se sairia bem. (…) Na primeira prova, (…) embora tenha feito um bom trabalho, as notas de algumas outras meninas foram mais altas, e ela perdeu. Também esteve bem nas demais provas, mas não marcou pontos suficientes para vencer. No final da competição não ganhara nenhum prêmio e estava arrasada." Carol Dweck, Mindset, A nova psicologia do sucesso, Editora Objetiva, Brasil, 2017.

E agora, por um instante, imagine que era a mãe ou o pai de Elizabeth. O que diria assim que ela chegasse ao pé de si, depois de terminar a competição?

1. Diria que, na sua opinião, ela tinha sido a melhor.

2. Diria que foi injustiçada (roubada) e que certamente deveria ter ganho um prémio.

3. Asseguraria que a ginástica não é uma atividade assim tão importante.

4. Diria que ela tem capacidade e, portanto, de certeza que vencerá da próxima vez.

5. Diria que ela não mereceu vencer.

Tome nota da sua resposta. No final voltaremos aqui.

O reforço positivo que damos constantemente está relacionado com a ideia de construir uma autoestima mais forte. Mas, será que é esse o efeito?

Quando elogiamos a inteligência ou o talento o que interpretam realmente as crianças? Se dissermos "És mesmo inteligente, tiveste a nota mais alta da turma", a criança vai ouvir: "Sou inteligente porque tirei a nota mais alta da turma". É parecido, mas não é bem a mesma coisa. Tudo o que dizemos ou fazemos diz à criança como deve pensar sobre si própria. Se dissermos que a criança é inteligente, estamos a dizer que tem características permanentes, imutáveis e que as estamos a avaliar. 

Elogiar a criança pela sua inteligência, prejudica a sua motivação e desempenho. A criança começa a ter medo de aceitar novos desafios, por receio de não estar à altura das expectativas e que, por isso, a ideia dos adultos sobre ela se altere. O seu valor depende da apreciação externa. A confiança destas crianças assim que se deparam com uma dificuldade desaparece e a motivação desce a níveis perigosamente baixos. Por um lado, se o sucesso reflete a sua inteligência, por outro, o fracasso significa que são pouco dotados. 

Elogiar ou encorajar?   

As crianças que são valorizadas pelo esforço revelam mais persistência na realização das tarefas não desistindo no primeiro obstáculo ou, muitas vezes, antes mesmo de começar. Têm mais facilidade em aceitar desafios, porque a sua autoestima e autoconfiança são elevadas, o que também facilita a interação com os que estão à sua volta. Estas crianças, são, também, as que apresentam maior facilidade na aprendizagem escolar.

Se o seu filho lhe traz, muito entusiasmado, um desenho da patrulha pata e conta uma história fantástica sobre o que lá está desenhado, mas quando olha só consegue ver riscos, mostre o seu interesse pelas cores que escolheu, pergunte sobre aquele traço em especial ou o que está a acontecer naquele canto da folha. Não adianta fingir que percebe o que está no papel, porque a criança sabe exatamente o que desenhou e não se vai deixar iludir pelas interpretações que fizer da sua obra.

E, no caso de um aluno que tinha uma nota fraca a uma disciplina, mas leu muito, fez mais e mais exercícios, trocou ideias com colegas e tirou dúvidas com o professor, por exemplo, e o resultado desta estratégia traduziu-se numa nota bastante melhor. Quando falar com a criança sobre este sucesso, faça por refletir o percurso, o empenho e a estratégia aplicados. "Vi que fizeste mais exercícios do que para a avaliação anterior e isso resultou.", "Achei interessante as estratégias que escolheste, de trocar ideias com os colegas e ler aquele livro sobre o assunto."

Valorizar a estratégia pode ser particularmente importante para crianças com dificuldades de aprendizagem para as quais, muitas vezes o obstáculo maior não reside no esforço que dedicam, mas sim em encontrar a estratégia que proporcione melhores resultados.

E quando, apesar do empenho, o resultado não é o esperado? Não vale a pena dourar a pílula. A sinceridade e o seu apoio são a melhor opção. Destaque o esforço e disponibilize-se para ajudar a descobrir o que ainda precisa de ser trabalhado. Reforce que todos aprendemos de forma diferente e que está disponível para ajudar a procurar o caminho que permita chegar ao resultado desejado. Explique que no caso daquela matéria em especial, é bem provável que demore mais tempo a entender, mas que se mantiver o empenho os resultados vão aparecer.


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