Jogos contribuem para aprender matemática

06-04-2021

A aprendizagem de conceitos matemáticos dá-se através da experiência e os estímulos a que a criança vai estando sujeita têm um papel fundamental nos resultados obtidos.


Na verdade, a matemática está em quase tudo o que fazemos. Quando arrumamos livros numa prateleira por tamanhos ou cores da lombada, quando escolhemos uma camisola cuja cor combine com a das calças, tudo isto é seriação e categorização, logo, matemática. Esta é a base do raciocínio, que precisa de estímulos para continuar a desenvolver-se, tornar-se mais robusto, dando resposta a situações cada vez mais complexas. Naturalmente, esta evolução está também relacionada com o crescimento da criança e as aptidões inerentes a cada fase do seu desenvolvimento.

 
Contudo, a definição de desenvolvimento infantil, nomeadamente no que diz respeito às idades em que as habilidades se evidenciam e o pressuposto de estarem, ou não, presentes à nascença, não tem sido uma área consensual.

 
As teorias de Piaget influenciaram profundamente a educação. Contudo, no presente muitas das suas ideias são questionadas por outros investigadores e estudiosos da área.

 
Segundo Piaget, até aos 2 anos a criança está centrada maioritariamente na manipulação: pés, mãos e pequenos objetos que possam estar ao seu alcance, dando-lhe a ideia de permanência.
A partir dos 2 anos as estruturas mentais tornam-se mais complexas. É o momento em que a imaginação e a memória começam a desenvolver-se. Já conseguem ter uma perceção de passado e futuro e são capazes de fazer algumas interpretações simbólicas.

 
Entre os 2 e os 7 anos, o pensamento da criança é dominado pela perceção. Realiza atividades baseada em estímulos físico-sensoriais. Observa, compreende e até executa tarefas do campo da matemática, como a seriação, por exemplo. Mas não é capaz de relacionar a atividade com a capacidade de a operar mentalmente, não conseguindo, ainda, construir esquemas de ação.


Até aos 7 anos, aproximadamente, a criança ainda tem muita dificuldade em estabelecer relações causais. Imagine que faz uma fila de carrinhos e pede à criança para os contar. De seguida, repete o procedimento com outros carrinhos, mas espaça-os mais entre si. Se quiser saber qual fila tem mais carrinhos, a resposta será a segunda fila, porque estando mais espaçados criam uma linha mais comprida. A criança não conservou a informação (número de carros) e por isso não reverteu o processo à fase inicial. O mesmo acontece se trocar um líquido de um recipiente mais largo para outro mais estreito. O resultado da comparação será que o recipiente mais estreito tem maior quantidade de líquido. É fundamental adquirir a noção de conservação e a melhor forma de o fazer é através de experiências e manipulação de objetos, sejam não contáveis, como areia, terra, água, farinha ou contáveis como peças de jogos, brinquedos, lápis, etc.

 
Cerca dos 8 anos a criança passa a estabelecer relações entre ações, não apenas através do manuseio dos objetos e da prática, mas já com recurso a esquemas mentais. Começa a ter noção do conceito de distância, maior, menor, altura, correspondência, ordenação e medida, divisões espaciais, etc.
De acordo com Piaget, esta fase é um marco no desenvolvimento cognitivo, pois marca o início do pensamento lógico ou operacional. Isso quer dizer que começa a ser possível encontrar soluções mentalmente. Recorrendo aos exemplos dos carros e do recipiente com líquido mencionados em cima, nesta fase a criança já é capaz de perceber que a quantidade é exatamente a mesma, não obstante a sua apresentação. É também por esta altura que começam a interessar-se por atividades socializadas. O seu estado de desenvolvimento desperta--as para os jogos, em especial aqueles que tenham regras.
Defensores das teorias de Piaget ou já nem tanto, em qualquer dos casos há uma ideia que une as diferenças: os jogos pedagógicos constituem uma aliciante ferramenta no processo de aprendizagem.

Vários são os autores, particularmente adeptos da neuroeducação, que têm vindo a defender especificamente o ensino da matemática através do jogo, fazendo uso da sua componente lúdica e da possibilidade que geram de criar estruturas do conhecimento.
No caso de crianças com dificuldades de aprendizagem em matemática, a utilização de jogos apresenta-se como uma forma agradável de potenciar o desenvolvimento das estruturas de pensamento, necessárias à construção do conhecimento. Uma vez na posse dessas estruturas, é possível apreender os conteúdos escolares. A partir do jogo, a criança aprende a organização lógica da brincadeira e interioriza o saber matemático. O jogo estimula a criança a estabelecer planos de ação para cumprir o objetivo (vencer). Utilizar conteúdos da matéria num jogo, que a criança quer vencer, é um desafio ao pensamento e a possibilidade de recompensa que o cérebro tanto aprecia.

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