Só conseguimos aprender 20% daquilo que ouvimos

12-01-2021

O psiquiatra americano William Glasser autor da Teoria das Escolhas, defende que podemos fazer escolhas satisfatórias, mesmo que nos encontremos em circunstâncias adversas. Entre outras, Glasser aplicou esta Teoria à área da educação, tendo introduzido algumas ideias inovadoras. Segundo ele, a aprendizagem e a motivação para estudar são intrínsecas a cada um de nós e escolhemos fazê-lo usando a nossa liberdade pessoal. Por esta razão, considera ineficaz a longo prazo o ensino com recurso a ameaças e recompensas. Sabendo que nenhum ser humano é totalmente desmotivado, pois ninguém deseja o seu próprio fracasso, Glasser defende que a nossa motivação principal é a satisfação das necessidades básicas: sobrevivência, pertença (agrupada ao sentimento de amor e amizade), poder, liberdade e diversão. Ora, no caso dos estudantes, a necessidade fundamental é aprender. Todas as pessoas gostam de aprender. Mas, para que isso aconteça é necessário que o aluno faça uso da sua liberdade de escolher estudar.

Aprendizagem assertiva

É aqui que entra a motivação. Punir ou recompensar não motiva os estudantes. Uma existência de qualidade pressupõe que não sejamos prisioneiros do tédio, como refere Glasser, mas, se as aulas ou os trabalhos escolares são aborrecidos e desinteressantes instala-se o tédio.

Para que a aprendizagem seja assertiva não se deve limitar à memorização mecânica ou à utilização repetida das mesmas técnicas de veiculação de informação.
Com base nestes pressupostos, Glasser concebeu a pirâmide de aprendizagem, onde definia as percentagens de informação que conseguimos reter, de acordo com a forma como ela é transmitida.

Esta teoria tem vindo a mudar os paradigmas da aprendizagem e a forma como os papéis de professores e alunos são vistos. À luz desta teoria, o professor transforma-se num guia que, recorrendo a ferramentas variadas, facilita as aprendizagens. Para o aluno, é afastada a ideia de que decorar é a melhor forma de aprender. A participação ativa do aluno no seu processo de aprendizagem, quer através de atividades efetivas e práticas, quer dando-lhe a possibilidade de escolher qual a sua forma ideal de adquirir conhecimento, retira-o da passividade de espectador em que se encontrava. No entanto, é vital que os alunos sejam capazes de identificar a utilidade daquilo que aprendem, para evitar o esquecimento. O interesse dos alunos também deve ser considerado no momento de atribuição de tarefas. É muito mais fácil motivar uma pessoa para trabalhar em algo que gosta do que o contrário.

 
A pirâmide

Pela observação da pirâmide, é fácil concluir que não retemos nada a 100%, o que retira alguma pressão ao mais perfecionistas.

Até 50%, aprendizagem passiva

O que faz variar a percentagem daquilo que recordamos é a forma como a informação é veiculada: do que lemos, apenas 10%, se ouvirmos já alcançamos os 20%, utilizando a visão passamos para 30%.

Exatamente no meio da pirâmide está aquela informação que vemos e ouvimos, como vídeos ou documentários, da qual, ainda assim, apenas retemos 50%. Este é a denominada metodologia passiva de aprendizagem.

Quando atingimos a capacidade máxima de retenção de informação?

A magia começa a acontecer quando entramos na metodologia ativa, que identifica as 3 formas mais eficientes de assimilação de informação: discutir, fazer e ensinar.

Quando o aluno discute, conversa ou debate um assunto, relata as suas vivências e questiona-se, o que motiva reflexão e autocrítica. Utilizando estes recursos, a informação retida aumenta para 70%. É, por isso, essencial que se estimule a realização de fóruns de discussão, para despertar o interesse e curiosidade sobre a matéria. Através do debate, desenvolve-se o processo criativo e as trocas de impressões e opiniões entre os intervenientes favorecem o espírito crítico.

Quando passamos à prática, executando o que está a ser ensinado, torna-se mais fácil apreender o conteúdo. Escrever, resumir ou demonstrar incluem-se nesta categoria e permitem que a capacidade de memorizar alcance os 80%. Quando nos focamos apenas na teoria o campo de possibilidades é mais reduzido. Sempre que flexibilizamos o processo e vamos à experimentação e prática procurar soluções aparecem diferentes saídas ou alternativas, tornando a aprendizagem mais eficiente.

Alcançamos a capacidade máxima de aprendizagem, 95%, quando ensinamos uns aos outros o que foi aprendido. Ensinar é a forma mais eficaz para que o conteúdo seja efetivamente assimilado. Daí a importância de transformar a teoria em prática e dar aos alunos a possibilidade de praticar e experimentar. É verdade que a experimentação pode levar ao erro, mas é também desta forma que a aprendizagem se torna mais rica. E um erro, já se sabe, é uma catapulta para fazer melhor a seguir.

Segundo Glasser, mesmo respeitando o ritmo individual de cada um, os alunos que participam nestes modelos de aprendizagem evidenciam melhorias qualitativas evidentes. Este desenvolvimento vai além da aprendizagem transformando-se, muitas vezes, numa atitude com resultados bastante positivos que podem ser aplicados no dia a dia, tais como a capacidade de questionar e efetuar críticas construtivas.

Já na fase adulta, estes alunos, revelam uma maior autoconfiança e entusiasmo pela assimilação de novos conteúdos.


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